A travessia das folhas

Na entrada do Santuário de Bahá'u'lláh, há um caminho de granito vermelho claro, com 19 por 8 lajotas de meio metro cada. Margenando o caminho há arbustos, cujas folhas soltam-se constantemente e acumulam-se em valetas  num canteiro.

Então ao soprar um vento mais forte, pois a brisa aqui é constante, as folhas voam, tentando fazer a travessia de oeste para leste.

Eu estava nesse lugar, o mais próximo do lugar mais sagrado na face da Terra, como "Holy Place Guide". 

Mesmo sabendo que não podemos ir contra a natureza feita por Deus, eu pedi uma ajudinha quando o vento viesse. Depois, pedi a uma jardineira uma sacola para as folhas que se acumulavam, ela falou com o supervisor dela e ele disse que eu era muito amável em pedir isso, mas como haviam pessoas adentrando o santuário, só poderiam coletar as folhas na manhã seguinte.

Então, durante um bom tempo eu fiquei varrendo e gostava do que fazia, no entanto, resolvi usar a criatividade engenheiro e trabalhar com as ferramentas que tinha.

Varri no canteiro as folhas para um canto ao lado do portão de entrada e para atrás dos pilares (os quais ficam ao meio do caminho).

Agora notei que interferi no destino delas, pois antes eu as estava ajudando a fazer a travessia, agora suspendi esse direito natural.

HAHAHA! Deus gosta de rir, depois que eu tinha escrito a frase anterior, um vento forte bateu, o caminho encheu-se de folhas, o tapete da entrada dobrou-se e a porta abriu-se!

Finalizando a história, a qual tornarei uma metáfora, compreendi que as folhas estavam desfilando no caminho que leva a Bahá'u'lláh, O Bem-Amado, saindo da terra do por-do-sol para a terra do nascer-da-estrela-do-dia.

Vamos criar um jardim

Haifa, Israel                                                                                   15;16/03/2009 (Domingo;Segunda)

Ontem a noite eu coletei alguns gerânios vermelhos nos pés do Monte Carmelo, próximo do local onde Bahá'u'lláh estendeu sua tenda ao mostrar para seu filho, 'Abdu'l-Bahá onde seria a localização do Santuário do Báb.

Estas flores haviam sido cortadas pelos jardineiros, pois não eram as mais exuberantes presentes no jardim, e o destino delas seria o lixo. Porém eu resolvi mudar o destino delas, e as encaminhei para perto de minha casa. Coloquei-as na mochila e numa sacola e levei para casa.

Logo após o trabalho, resolvi que era hora de planta-las, era de manhã cedo e estava um dia muito belo, em seguida choveu.

Após a chuva, notei que havia um mato que estava crescendo bem rápido e que ali havia uma árvore muito bela, mas praticamente sem flores para ornamentá-la. Então resolvi que ali era um bom lugar para plantar os gerânios.

Mas deixe-me fazer uma digressão, pois esqueci de contar-lhes que estes gerânios exalam um cheiro diferente, é um cheiro meio adocicado, continua sendo forte (característica do gerânio), mas bem agradável.

Quando comecei a cavucar o chão com uma pá, que havia comprado num mercado em Haifa com a ajuda de um amigo, notei que havia uma boa quantidade de minhoca naquele solo, então eu estava convencido de que realmente era um bom lugar para plantar aqueles gerânios rejeitados, mas que passaram a ser tão adorados por mim, e pelas pessoas que passam perto de mim, admiradas vendo-me fazer um trabalho tão simples, mas tão bonito e ainda revolucionário.

Porém não pensem que estava mal equipado, além da pá eu estava com luvas de jardinagem e as botas de segurança, sem falar no meu ipod, ouvindo a música com um fone.

Por que com um fone se eu tenho dois?

Acho que porque as plantas queriam ouvir as músicas também! Pois toda vez que eu colocava, caia. Então tive esse pensamento. E por que não deixar as plantas ouvirem uma boa música? Elas também são criaturas de Deus, é a música, a BOA música é uma forma de adoração a Deus, e toca o íntimo de todo ser vivente.

Nesse meio tempo, enquanto estava plantando os maravilhosos gerânios vermelhos, eu ficava cada vez mais admirado com a beleza latente neles, as flores que alguns tinham eram tão belas, então eu pensava: ''Nossa que bom será se todos eles derem flores tão bonitas quanto essas!"

E ainda uma amiga minha disse que quando eu quisesse ajuda para fazer um trabalho tão bonito quanto o que eu estava fazendo, eu poderia contar com sua ajuda. Ela vai casar em breve, eu pude notar tanta radiância nela quanto havia presente no céu de hoje devido ao tamanho esplendor da Estrela do Dia.

Finalmente terminei de plantar tudo o que tinha, pena que eu não tinha mais. Mas como já fiz boa amizade com os jardineiros, alguns são das ilhas Maurícios (então falam francês, e eu claro, para agradá-los aprendi umas palavrinhas) e outros são daqui de Israel (mas falam árabe, a maioria cristãos, e aprendi a falar de maneira bem educada bom dia a eles, precisam ver o sorriso em cada rosto, e como eles tratam as plantas como se fossem bebês recém-nascidos), tenho certeza que de conseguirei mais flores para o jardim.

Então criamos o jardim!

Agora temos que mantê-lo. Mãos a obra!